quarta-feira, 30 de março de 2011

Lúdico

Gente, sabe carrinho de controle remoto com milhões de barulhinhos? Eu nem sei se ainda existe, mas na década de 80 existia, e meus primos ganhavam de presente... e a casa da minha avó virava sucursal do inferno. Aquele barulhinho agudo, irritante, penetrava no cérebro da gente, tipo arma alien, lobotomia. Acho que se eu olhasse na caixa ia ver o carimbo Made in Hell.

Então que os carros de polícia/ambulância aqui de Angola me remetem a infância. A-hãn, todas as sirenes são tiradas de carrinhos de controle remoto. Mas em volume assim, desesperador. Parece até Natal!

E tem o “Sai da Frente”. Esse é engraçado. Eu achava que era barulhinho bizarro de carrinho de controle remoto como qualquer outro, mas não é. É uma gravação (eu acho), toda digitalizada e cheia de chiados, que diz exatamente “Sai da frente”, estilo Darth Vader. Pra que licencinha, né? Eu demorei dois anos pra entender.

Vou mandar e-mail pro Ministério da Segurança sugerindo substituir por “Luke, I`m your father”. Ou “kame hame ha”.

terça-feira, 29 de março de 2011

Kuduro! Pardon my french.

O povo de Luanda é louco, né, minha gente? Não tem água, nem luz elétrica em casa, acorda 5h da manhã pra pegar 3 candongas pro trabalho, anda com bacia na cabeça... mas sempre tem um sorriso no rosto, e dança no meio da rua. Isso só pode ser doença. Tomara que contagiosa.

Essa dança que todo mundo... dança... é uma mistura de coreografia C-3PO (star wars, sabe?) com dança do acasalamento (e qual não é? ). Dizem que surgiu nas musseques (favela em luandês), e nas musseques virou ritmo musical também. Uma coisa análoga ao funk, mas com um pouco menos de baixaria. E o nome, coisa singela, é ku-du-ro... fofo, simplesmente fofo.*

O kuduro (fofo) está ganhando o mundo... já ouvi em Portugal, já ouvi no Brasil. “Ouva” (e “óie”) aí vc também!



Eu já tentei dançar, mas nem a posição cabide sai direito... é triste, muito triste. E aí, tá maluca?

* Joguei no Google, mas não consegui descobrir se o nome “kuduro” vêm do dialeto kimbundu ou se significa aquilo que a gente tá pensando mesmo. Fica no ar...
Pra saber mais, clique aqui.

terça-feira, 22 de março de 2011

Oi? Hein?


- Gentem, não tem água na pia pra lavar a mão!
Saí do banheiro com essa, e todo mundo me olhou estranho.
- Tá, que foi que eu fiz agora?

(Uma vez saí do banheiro do shopping com a base da saia presa no elástico da calcinha). O.o

Dessa vez foi menos pior. Acontece que pia em Angola é o mesmo que sanita, ou pra nóis, brasileiros, vaso sanitário. A vulga privada. Nossa pia, por outro lado, por aqui se chama lavatório. E é o lugar certo de lavar as mãos, tá?
A gente acha que se mudar prum país que fala a “mesma” língua é tranqüilo, jóinha... Experimenta mandar o estagiário comprar urgente um Durex, porque você tá muito necessitada.


O.o Danger, danger!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Nome de Casa

Esses dias, por conta de um trabalhinho pentelho terapêutico, o dossiê dos funcionários da empresa caiu nas minha mãos, e eu percebi duas coisas. A primeira é que a empresa precisa providenciar urgente sobrenome presse provo. José, João, Maria não é sobrenome. Um cerumano que se chama “Ricardo Alberto Diogo” sempre vai se sentir, de alguma forma, incompleto. *

A segunda coisa que percebi foi que, NÃO CONHEÇO METADE DA PIPOL! Choquei! E eu que me considerava popular tipo o Bono.

Constatação feita, saí perguntando pelos corredores: quem é fulano, quem é cicrano? Quando perguntei pelo “Ricardo Domingos Adão”, o mocinho que eu conheço como “Miranda” levantou a mão tipo “Sou Eu”. Quando perguntei pela “Diatesa”, quem respondeu foi a “Irina”. Quando perguntei pelo “David Jorge” quem apareceu foi “Seu Balalau”! Fiquei tonta!

Ok que geral tem apelido nesse mundo, essa parte eu intindi. Tipo, eu lá em casa sou chamada de Táta (com acento agudo no primeiro A, tá?). No colégio me chamavam de “baixinha”... nem idéia do porquê.

Agora, o que Irina tem a ver com Diatesa? Irina me explicou que o pai escolheu um nome, mas a mãe queria outro, e no grito, a mãe ganhou. Ela cresceu se achando Irina, e é assim que se apresenta até hoje. É o famoso NOME DE CASA. Todo angolano tem um nome de casa... um mais confusionista que outro, e nem todos tem a mesma explicação. O curioso é que eles adotam como se fosse nome real, ou pros mais pops, nome-artístico. SUCESSOOOO!

Se meu avô “Sinfrônio” fosse angolano, aposto que pedia pra mãe chamar ele de “Gabriel”. Muito intindia!

*Acabei de realizar que tenho tios que se chamam “Sheyla Pedro Antônio”, “Niubes Pedro Antônio”. Sobrenome de presente de Natal pra eles!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Haute Couture

A zungueirada de Luanda adoura gritar “madrinhaaaa” quando vê a gente passando na rua. Se a oferta é de paninho mara, eu bem paro. Os paninhos não são naturais de Angola. Eles brotam, em sua maioria, lá na Ilha de Java o que é estranho, porque Java fica na Ásia, e muitas das estampas são africanas.
Eu geralmente compro pra levar de presente pra família quando vou pro Brasil. Tem tia que já me mandou parar, disse que prefere ganhar meia! Afinal, é presente pela metade, né? Não serve de nada se a pessoa não tiver afim de ir até a costureira.
Acontece que eu, particularmente, sou chiiiiiique a ponto de ter “estilista” (ui, último biscoito). Como o Henriques (o estilista) se acha Jhon Galleano e me cobra o zóio da cara, até agora só fiz três vestidinhos basicões. Nenhum pra usar na entrega do Óscar. Repara aí em baixo eu em look book!


Agora comprei um paninho inédito de estampa dourada com azul, super novo-rico “haute couture”, e não sei o que fazer a respeito. Queria um megadress, mas o tecido é duro e o vestido pode ficar piramidal. Sugestões?

Encomendas?

segunda-feira, 14 de março de 2011

Breakfast at Al Dar

Sabe a Lei da Atração? Então, eu quando estou comendo, costumo repetir na minha cabeça "Eu sou magra, linda e sexy, eu sou magra linda e sexy, eu sou magra, linda e sexy", que é pra ver se o universo conspira. É que pra dieta mesmo eu não tenho muita paciência...gula de gordinha.
Daí, escutei dizer que o pequeno almoço (café da manhã) é o horário mais joinha pra comer besteirada. Bóra descontrolar!

O AlDar, restaurante / lanchonete /padaria árabe aqui na Ingombotas abre as 7h já com croissant de queijo quentinho, bomba de berlim (sonho), rosca de coco... tudo esperando pra ir pro meu estômago. E os doces? Esses nem parecem de comer tamanha a decoração. Eu usava fácil como enfeite de cabelo.

Costumo aparecer lá, como quem não quer nada assim cedinho, mas vale visitar no almoço e no jantar, quando rolam uns pratos árabes fast food. É mesmo fast e é mesmo food! Recomendo a shawarma de falafel. Na padaria, os pães não valem muito a pena, porque são meio casca grossa (ha ha), mas os bolos são coisa de loco.

Ponto negativo: nem adianta pedir irish coffe porque é um restaurante árabe, não irlândes eles não fornecem alcoól. Nem em gel.

Se joga! Kame hame ha!

Oi? Se meu mantra funciona? De vez em quando eu fico meio pneuzuda... A Lu tem dicas mais decentes.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Kitaba



Kitaba: Paçoquinha de jinguba* com jindungo*. Aperitivo picante* e salgado pra acompanhar o fino* da Cuca*. Não se encontra em qualquer curva, só lá no mercado do São Paulo*.

Glossário: Jindungo é pimenta, jinguba é amendoim, picante é apimentado, fino é chopp, Cuca é a marca mais famosa de cerveja angolana, e o mercado do São Paulo é uma reunião de camêlos, estilo Roque Santeiro, que fica lá no bairro que tem o nome da minha cidade.

Valapena!

terça-feira, 1 de março de 2011

Angolana é gira dos pés a cabeça, mas o cabelo, esse é de brasileira!


O Brasil exporta beleza (ói eu!). Globalizamos o brazilian but, o Dr. Hollywood, somos recordistas mundiais em cirurgia plástica! Tudo pra sanar a humanidade do problema meia velha/maracujá de gaveta. Fear not!

Angolana tem genética perfeita, tecnologia de células anti-gravidade na pele, e pode se dar ao luxo de dispensar esses nossos fogos de artifícios (chatinhas). Mas elas também importam da gente, importam containners inteiros de cabelo!
Pode ser em forma de aplique, peruca, a granel...angolana compra. A gente observa as transformações (hora de morfar) na semana do pagamento, um verdadeiro desfile capilar. Dizem as más línguas que elas gastam marromenos mil dólares em cabelo/mês... noffa! E você jogando tudo pelo ralo da banheira, né?
Tem angolana que vai pro Brasil fazer compra de cabelos na 25 de março, e é normal elas pedirem pra gente trazer uns kilos, quando sai de férias. Eu, escrava da chapinha, muito entendo a questão, apesar de curtir mais o afro fashion Janaina do que o Beyonce.


Expatriada por outro lado, pode até usar cabelo original de fábrica, mas estoca na mala litros e litros de creminho de tratamento, afinal a água de Luanda tem o poder de desintegrar o couro cabeludo da gente. Eu pessoalmente encontrei um salão mara aqui no Maculusso (momento propaganda $$*): é o Salão de Ana, que faz brazilian wax (pede pra marcar hora com a Filó), e massagem capilar de virar o zóinho. Passa lá: Rua Joaquim Kapango, 57.

* A popagranda é de grátis, não cobrei nem permuta.